Meu nome é Evandro, tenho 22 anos e resido na cidade de Santo André. Bem, sou um ex-dependente químico e há sete meses e alguns dias estou limpo das drogas, graças á Deus e a minha boa vontade. Minha dependência química começou aos 19 anos, pois eu tinha conhecido uma garota aos meus 17 anos e me relacionado com ela, após dois anos de relacionamento nos desentendemos e demos fim ao mesmo.
Após o término entrei em depressão porque ache que tinha perdido o amor da minha vida. Foi quando conheci um pessoal que era usuário e comecei a sair com eles. Certo dia, um deles me disse que a cocaína era gostosa e que se eu usasse iria gostar. A partir daí me interessei e fiz o meu primeiro uso. desde então me apaixonei pela droga. Comecei a usar só em finais de semana achando que poderia dominá-la, mas após um certo tempo, coisa de alguns meses, quem passou a me dominar foi ela. Trocava a noite pelo dia, não tinha mais vontade de viver pra nada, só queria viver pro meu uso, eu vivia pra usar e usava pra viver.
Com o tempo não quis mais saber de trabalhar, não queria saber da minha família, apenas queria encontrar meios e maneiras de arrumar dinheiro pra conseguir minha droga de preferência, a cocaína. Quando eu não conseguia dinheiro eu tirava as coisas de casa pra vender e comprar a minha droga preferida, até que chegou o dia em que já não havia mais o que vender, pois vendia tudo o que ganhava, desde blusas até celulares.
Após um ano e meio de uso já tinha perdido tudo. Eu já não aguentava mais a vida que eu estava levando e pedi ajuda aos meus pais. Decidimos que eu iria me internar e em agosto do ano passado (2008) me internei. O tratamento seria de seis meses, mas após 3 meses e 20 dias, saí para ressocialização, onde eu deveria passar 10 dias em casa e voltar para a clínica. Após os 10 dias eu pensei que estava pronto para viver na sociedade. Conversei com meus pais e disse que eu não precisava mais voltar e mais uma vez eles confiaram em mim. Foi o pior erro que cometi, pois eu realmente não estava pronto, mesmo assim permaneci 2 meses limpo na rua.
Um certo dia meu pai me deu dinheiro para sair com uns novos amigos e após passar em frente de um ponto de vendas de drogas, me deparei com a curiosidade. Afinal, já fazia 6 meses que não usava droga e neste dia fiquei curioso pra saber se eu usasse apenas uma vez eu teria aquela primeira onda de quando eu usei a primeira vez. foi uma outra ilusão, não tive aquela primeira brisa e acabei voltando ao uso de uma forma fora do normal. Aquela que eu pensava que iria ser apenas uma, se tornou em várias, onde eu tive a minha recaída e voltei ao uso a todo vapor. 1 pra mim era pouco e 1.000 já não bastavam. Quanto mais eu usava, mais queria. Após duas semanas da minha recaída onde eu usei todos os dias, resolvi me internar de novo e em março deste ano (2009) me internei, desta vez fiz meu tratamento por inteiro, e hoje, após seis meses na clínica e 1 mês na rua, tenho a plena certeza que estou bem. Só que sei também que sozinho eu não posso, por isso continuo frequentando as reuniões de N.A. (Narcóticos anônimos), onde exponho as dificuldades e alegrias que venho tendo no meu dia a dia, pois lá eu encontro pessoas que também encontraram uma nova maneira de viver sem drogas e sei que elas me entendem, pois passaram pelas mesmas dificuldades que eu. As histórias são todas parecidas e o que mudam são apenas os personagens.
Uma coisa eu tenho certeza. O que me levava a usar droga eram os meus sentimentos, pois quando estava feliz usava por estar feliz e quando estava triste usava porque estava triste. Agora eu vivo só por hoje, vivo cada dia como se fosse o último, pois a droga é apenas uma ilusão. Eu usava pra fugir dos problemas, pois quando eu usava não queria saber de nada e de ninguém, mas após o término do efeito da droga, os problemas voltavam e ainda piores. Hoje enfrento minhas dificuldades e meus problemas de cabeça erguida, pois tenho meus pais que foram muito importantes na minha recuperação e conto também com meus companheiros de N.A.
Espero que minha história possa conscientizar alguém que esteja nessa vida, pois só eu sei o quanto sofri pro uma coisa que cabia na palma da minha mão. "Só por hoje" eu entrego minha vida e minhas vontades nas mãos de Deus.
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